Conto de uma noite de verão

O mar me abraçou, e naquele instante, naquela noite eu pude sentir suas águas mornas tomando conta de mim e as ondas a pentear meus cabelos para trás.Levantei e decidi caminhar em direção a praia, ao bar que estava lotado, onde alguma banda de pop rock tocava. Durante o percurso pude sentir a luz prata que se espalhava e iluminava meu corpo. As ondas batiam em minhas pernas e que não me deixavam ignorar o efeito que a vodka resolvera agora, fazer efeito.

É...aquela vodka com soda, que tomei a noite toda. Fazia minhas pernas cambalearem mesmo com ondas tão fracas. Finalmente, saí do mar e cheguei ao bar. Coloquei a canga no balcão e liguei o chuveiro, relaxei e deixei a água fria levar e lavar da minha pele o sal. Desliguei, e tornei a amarrar a canga em volta do meu estreito e magro quadril.

Olhei, olhei para o lado e vi... Pessoas catando, bebendo e alguns casais que ali abraçavam-se. E quase que invisível dirigi-me a beira da praia. Lá, novamente sentei e enterrei os pés sob areia grossa e úmida. Contemplei o mar e o ballet perfeito das ondas que iam e vinham, contemplei o céu, sua lua e cada uma das estrelas. Rendi-me e deitei na areia que penetrava meus cabelos e que grudava nas minhas pernas, braços e costas.

Pensei, pensei até notar que algo estava ausente. Estava no lugar perfeito e algo ainda me faltava. Dei-me conta da solidão que eu sentia e naquele instante pude perceber o quanto há para ser compartilhado, mas ninguém com quem eu pudesse fazê-lo. Senti falta de um amor, de um corpo, para deitar ali, ao meu lado e ser uma boa companhia. Para me abraçar, me aquecer e sorrir .O mundo pararia ali, naquela praia, naquele lugar e apenas nós dois realmente importaríamos.

Nós dois resumiríamos o mundo. Nós dois abraçados, apenas dois corpos deitados sobre a areia e embaixo da lua. Apenas dois jovens que viveriam ali, sem saber, um inesquecível amor de verão. Quando ouvi uma voz ao longe me chamar, acordei do sonho, desfiz o encantamento. De volta a realidade levantei na inútil tentativa de limpar toda areia e ir pra ao encontro dos outros.

Ananda Sampaio