13 de janeiro de 2011

A valsa do eterno retorno


Em homenagem a Milan Kundera

A vida é um eterno retorno. Sempre voltamos ao mesmo lugar, o que muda é o nosso olhar. O que muda não é a tristeza em si.Mas, o motivo que nos faz triste. O que muda não são as lágrimas ou os olhos e sim nosso dilemas e dramas. O desgaste é quase sempre o mesmo. As lamentações apenas metamorfoseadas de antigas novidades.
Sempre tive o sonho de morar em uma cidade litorânea, até perceber como se tornava banal o mar para aqueles transeuntes tão acostumados àquela paisagem. O olhar deixava de ser saudoso e deslumbrado. Mas, o mar jamais mudou de lugar ou de cor. E é eterna novidade ao olhar do turista que ao vê-lo abre os braços em prece silenciosa de agradecimento.
O mar existe - meus olhos podem vê-lo!
Hoje não quero mais.Não quero conviver tão corriqueiramente com o belo.Fazendo-o perder toda sua alma.Tornando meus olhos exigentes demais. Desperdiçando mais uma oportunidade de me deslumbrar de encher os olhos de água também salgada e ver a gotícula rodopiar ao vento salino da praia.
Preciso crer e esperar por esse retorno.Dançando uma valsa e como se meus olhos fossem eternamente virgens - sempre a descobrir novas cores.Preciso ter o que imaginar quando o que rodeia é asfalto,sol e calor extremo da minha terra natal. Não quero olhos indiferentes e sim um olhar raro, caro e grato de mim mesma para o que no mundo há de belo, mesmo que por baixo de uma capa de tanta tristeza.

Ananda Sampaio***

Um comentário:

Luciana Lís disse...

Gostei demais pq me remteu à nostalgia, a momentos bem felizes. Sempre q vi o mar eu estava descansada, de férias, sem compromissos, numa boa eu estava feliz e achava o mar mais bonito ainda.
E isso vale pra mta coisa que faz parte do meu passado, o que foi difícil me fez crescer e por isso respeito mto minhas dores pq cheguei ao q sou até agora; o que foi bonito também me faz respeitar a beleza do meu passado e as pessoas com quem caminhei junto.
É a vida.
Lindo texto!
Te amo