23 de maio de 2011

E o coração lá...






 "Eu era criança, hoje é você, e no amanhã, nós"


                                                            Milton Nascimento                                                                                                                                

Dos três sou a mais velha. Falo rápido demais – geralmente penso mais rápido do que a capacidade de articulação da minha língua.

Como vês – sou um atropelo. Das palavras, dos movimentos privados de exatidão. Já fui mais impulsiva, hoje essa natureza pulsa distraída dentro de mim.

Gosto de falar por horas e horas sobre assuntos geralmente considerados chatos – literatura, cinema, filosofia e música. Imagino que com o passar do tempo tornei-me o eufemismo de mim mesma.

 Sou quem sempre fui, mas com texturas mais leves – menos áspera.

Gosto das conversas que brotam em nós nos dias de chuva...

Amo ser mulher e ter a liberdade de chorar por coisas aparentemente bobas. Sou chata quando decido que o meu dia será voltado ao silêncio. Adoro roer o esmalte das minhas unhas.

Banhar minha cadelinha naquelas tardes ensolaradas de domingo. Gostaria de poder caminhar mais – ter mais contato com a natureza. Ainda não consegui entender qual seria o meu emprego dos sonhos – só sei que escrever é pilar fundamental dessa minha busca.

Vejo o mundo por um vitral – que o deforma e lhe dá a forma que melhor consigo mensurá-lo.  Dentro de mim – talvez eu ainda seja a mesma.


Ananda Sampaio

3 comentários:

samdrade disse...

totosa!

Luciana Lís disse...

Escrever um pouco... No papel as palavras saem sem mais obstáculos; caminhar e pensar um pouco pode nos salvar de tropeções! kkkkkkkkkkkk
é tudo questão de coordenação!


autobiografia extremamente poética!
lindo texto, como sempre.

=***

Folheto Nanquim disse...

Gostaria de voltar minha infância!