3 de setembro de 2008

Uma pedra






Sim, Drummond no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho. Não sei se pequena ou grande, sou ruim com dimensões ou proporções. O que interessa é que ela estava ali com um prazer em causar desprazer. Estava ali parada, robusta rindo de mim. E eu parada a contemplá-la revoltada, pensei, planejei e arquitetei um plano para removê-la dali. Tentei! mas, nada aconteceu.
Estava ali alojada, grudada ao chão. Por fim, desisti.Burlei e consegui continuar meu caminho. Tentei ignorá-la e de vez em quando dava uma olhadela para trás e lá ela estava ainda no seu papel irredutível de estorvo. Caminhei mais um pouco. Fiz novos amigos, dei mais algumas gargalhadas, me joguei mesmo nesse mundo de meu Deus. Até que por fim, esqueci que um dia encontrei aquela pedra a barrar meu caminho.
Fui pra frente, mesmo querendo ficar presa lá atrás. Talvez fosse uma armadilha de alguém, sei lá quem. Ou talvez, uma mania de perseguição neurótica. O fato é que me abstive daquilo que me traía, que me transformava em alguém que eu não era. ou que pelo menos não queria ser. Foi difícil ter que me contentar com inércia , com minhas impossibilidades cruelmente humanas. Mas, um dia estava eu a me debruçar sobre a janela, pensando em sentimentalidades bobas. Quando um passarinho veio a mim dizer que tinha andado por aquelas bandas, e que lá não tinha mais nenhuma pedra.
Um frio na barriga gelou-me. Senti que era a hora, a minha vez. Talvez o tempo rei aliado ao Sr. destino tivessem agora me dado trégua. Não me contive, dei alguns passos para trás e não a encontrei. Sorri, gargalhei. Não como quem ganha uma vitória, mas como quem se sente aliviada ao saber que não há mais guerra. Perguntei-me na inútil curiosidade, por onde ela andaria. Se estaria rolando por aí em círculos , se teria se fragmentado em um milhão de pedaços, ou se ainda cumpriria o fardo de ser fardo mais alguém. Creio em milagres, pode ser que tenha decidido ser borboleta e adquirir leveza, ou tenha virado estrela...sei lá, existe uma magia estranha em tudo que existe. E eu só aprendi a contar histórias e não a adivinhar destinos.
Espero que ela siga o próprio caminho. Seja feliz! E na verdade, o que me matava não era o lugar que ela ocupava. Mas, sim tudo que ela impedia. De resto, é só mais uma pedra.

Ananda Sampaio***

3 comentários:

Doug Ribeiro disse...

muito bom, simples e tranquilo.
contém uma paz dentro desse texto,eu li e senti uma sesação d calmaria.

jacyara osório disse...

Ananda, que na sua vida vc tropece em mais algumas destas pedras que a motiva a fazer essas intertextualidades...
vou ser sincera! gostei mais do que o texto original e que perdoe o Drummond...rsrsr
ficou mt bom mxm!!!
parabéns.

Luciana Lís disse...

Maguinha, Maguinha...
No fim de tudo, o que podemos perceber é que obstáculos nos fazem crescer.

Amei, mto bom!

=*