27 de outubro de 2008

Aos nossos que ainda não são nossos





Você falava, da maneira de sempre falar.Voz mansa, macia. E eu não ouvia o que você me dizia, embora mantivesse meus olhos fixos na tua pessoa. Observava eu, com meus faróis, outras coisas que estavam em ti e que também eram igualmente belas. Pensei num futuro distante. Olhei pra ti, querido. Mirei nos tuas pupilas morenas ( tu tens um olho amistosamente mais baixo, acho que o direito)e desejei por ali, naqueles segundos que eram só meus, desejei que nossos presentes e inexistentes filhos herdassem de ti, esses olhinhos , e a pela rosada abaixo deles.

E enquanto eu te via, (você até acreditava que ouvia o que você detalhadamente me explicava)a minha mente há muito já não estava mais ali. Eu desejei que fossem nossos filhos parecidos contigo, com tudo de bom que pulsa em você. Como se eu como mãe ardorosa que serei, quisesse para eles o melhor de nós. Deixar gravado na genética, uma versão bonita de nós. Da canção toda que somos, deixar neles só o refrão. A parte boa de mim e de ti.

As minhas paixões e o teu temperamento. E tudo que há em nós e que agrada a natureza da vida. Pedaços doces do sonhos que sonhamos, para que desses sonhos eles tirassem uma mordida.

Da inifinitude que somos, apenas o que há de divino, para eles. Concorda?


Ananda Sampaio***

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