5 de novembro de 2010

Encarada


"gosto de me lembrar de coisas, no papel.[...] e quando me recordo das coisas elas se tornam reais , autênticas - e isso me entristece. Uma tal trsiteza, que me foi difícil escrever-lhe.Existe dentro de mim muito amor sem sentido..." Simone de Beauvoir

A vida é interessante.Existe sempre um fluxo de pessoas que entram e saem, caminhos entrelaçados, por circunstâncias inúmeras. Pessoas que me ajudaram a construir e desconstruir o meu mundo. Pessoas que contribuiram para que eu me modelasse, como me modelei. Sou o que fizeram de mim- ou melhor sou o que fiz do que fizeram de mim. Afinal, nunca me julguei uma pessoa passiva de mim mesma.


Agradeço, bato palmas. Existe sim uma beleza nisso tudo. Nesse 'por vir' que está sempre assombrando quem muito pensa. No final, ou quase no final tudo fica pequeno, desimportante. Não sei bem se alguém me fez mesmo algum mal, não sei se posso dizer isso. Gosto de guardar as lembranças frequinhas na minha mente, gosto de re-sentir o que já vivi. O interessante do olhar para trás é que enxergo não com os olhos que tinha, percebo meu passado com os olhos que tenho hoje.

Posso dizer que aprendi e me domar (se é que isso é possível), quando perdi a minha raiva, quando perdi a minha mania infantil de imaginar que o mundo estava sempre a me perseguir... no fundo sei que sempre sou eu. O equívoco é meu. Acredito que amadurecer é aprender a assumir os próprios erros, por mais feios que sejam. São minhas crias. Não há necessidade de advogado.

Gostaria de ser mais livre. De entender as engrenagens fora do meu próprio olhar. Como podemos ser juízes de nós mesmos, se um autorretrato sempre será distorcido?


Ananda Sampaio***

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