Janela

Talvez eu não seja tão previsível assim.Tenho me assustado com as verdades que vejo nascerem de mim, desordenadas. Demasiadamente incontroláveis.O que sou agora, exatamente agora é bem diferente do que imaginei que seria com a idade que tenho. Tornei-me mais impaciente, e surpreendemente mais tolerante. Dessa cartola saiu muito mais do que coelhos.

Decidi não ter filhos(mesmo sabendo que a vida é coisa imprevisível),pois o mundo é péssimo e nós, pessoas, ainda piores. Cada dia que vivo encontro algum detalhe que me faz crer que o mundo está mais banal do que antes. Ou quem sabe é síndrome de Belchior ("ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais"). Vai ver que nada mudou, apenas nós, os saudosista nos escondemos atrás das coisas passadas, porque já estão lá estagnadas no passado.

Mas, sem mais delongas...o que me ocorre a olho nu é uma crescente certeza de que a humanidade não evoluiu, está retardada andando em círculos.Vivendo de falsas evoluções e revoluções. Eu preferia viver num quadro de Salvador Dalí. O mundo ao contrário do que encontrei em mim é despudoradamente previsível.

Preciso de algumas noites de embriaguez ao som de Elis...preciso assistir mais Pulp Fiction, talvez o quadro se reverta, de cabeça para baixo, ou a moldura seja trocada.Ou o problema estão com meus olhos, cheios de ironia e pessimismo, culpa do Saramago e suas palavras extravagatemente ácidas e humanas.

Enfim, hands clean!


Ananda Sampaio***