14 de fevereiro de 2011

Composição




"You gotta your mamma's style, but you're yesterday's child to me"(Aerosmith)


Do que será que somos feitos? Talvez da herança genética herdada dos nossos antepassados. Das tardes de banhos de chuvas e dos longos trajetos de bicicleta. Das frutas que pendem das árvores nos dias de verão. Das músicas que constituem a trilha sonora de nossas vidas nos mais diversos momentos, especialmente de dor de cotovelo. Adoraria saber que há em mim tijolinhos feitos a partir das frases que girfei nos meus livros preferidos.

Um pouco de nós é o glacê do bolo com refri derramado na roupa nova num aniversário qualquer. A primeira professora, a primeira palavra que aprendemos a ler e soletrar. As metamorfoses do corpo, as tempestades hormonais da puberdade. O primeiro contato sexual. A primeira decepção, as brigas com os pais, as disputas com o irmão pelo banco da frente do carro. A melhor amiga conhecida na infância e guardada no fundo do coração até os últimos dias de velhice.O primeiro e todos os outros bichos de estimação.

A crise dos 40. Aquela banda de rock que quando toca somos atingido em cheio por extremo torpor. O perfume que rememora fatos há muito tempo deixados no inconsciente. Para as mininas o primeir sutiã...

O primeiro amor, o primeiro choro. A primeira levada de oxigênio que enchem os pulmões até então virgens. O primeiro banho de mar. Uma crise de riso por algo bobo, ou frívolo. Quando percebemos que o trágico pode tornar-se cômico. Quando finalmente se conhece a sensação de que o tempo transcorrido cura um bando de feridas. E mais tarde ainda, a impressão de que certas feridas adormecem, mas não cicatrizam.

A primeira pessoa próxima que morre. A primeira pessoa que nos deixa e que pela qual nutrimos um amor muito grande bruscamente, sempre bruscamente. O bonitão da escola anos depois, que de bonitão não tem mais nada. A primeira viagem sem os pais. Os deliciosos percursos a patins. O picolé num dia tórrido de verão. As luzes de natal. O foguetório do reveillon. O galã do cinema pelo qual nos apaixonamos desbragadamente. O primeiro emprego. O nome na lista de aprovados. E por fim, toda a nossa fé. Do que mais?


Ananda Sampaio***

5 comentários:

Cynthia Osório disse...

somos saudade e desejo!

Luciana Lís disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Lís disse...

Das coisas q acho mais bonitas em vc, ser livro aberto é delas.
Você é realmente isso tudo; encontro aqui, as vezes, algo que já conversamos ou que vc dividiu comigo em nossas mensagens que muitos apontariam como pré-suicidas. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Nós somos aquelas gargalhas sob a luz do lampiao, o beliscão dos peixinhos, somos sorrir do ônibus errado.

Somos as reflexões provocadas por um dia chuvoso e cinzento, mas na manhã seguinte um banho no rio e se divertir com a inocência da Jane nos faz fugir da realidade por uns instantes e acreditar q o mundo pode ser mais tranquilo.

O texto tá lindo!
Beijo

flores disse...

não sei...em alguns momentos tudo que já aconteceu nada parece com nós mesmo. como se fosse uma experiencia tão distante quase como se não tivesse acontecido nada disso. uma pena, as vezes me sinto assim;(

Myself disse...

Somos frutos de todas experiências, de tudo o que fizeram com os nossos sentimentos, com o sistema que sempre tenta nos controlar com suas mensagens subliminares... somos o que lemos, comemos e bebemos.
E se tivermos sorte, sabemos ser únicos com a sinceridade, a coisa mais original que existe.

Beijos e boa semana pra você!