16 de maio de 2011

Esses dias


"Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem" (É o que me interessa - Lenine)

Caso eu sobreviva a esses dias nada mais me matará.
Se eu não esmaecer como uma folha seca nesta estação de hoje nada mais me afetará.

Ou quem sabe sairei desses dias num tom mais amargo.
O único desejo que sinto hoje é o de estar triste. E não me esforçar muito para deixar essa tristeza escapar.

Deixa-a aqui guardada no meu peito – não como um troféu – mas como mais um sinal dos tempos, mais um sinal dos meus dias de cansaço...

Não tenho vergonha, não tenho medo – apenas permito que flua e entorpeça meu corpo e o transforme num pedacinho ainda menor. No mais minúsculo sinal de existência. Quem sabe assim eu consiga perceber a insignificância de todo esse enorme mundo - de toda essa enorme roda viva a qual sentimos pulsar dentro nós.

Deixa quieta. Deixa o vento soprar, o relógio badalar... E se depois desses dias algo ainda restar, talvez nesse retalho da minha alma eu consiga me enxergar melhor
E então aprenda a fingir, a disfarçá-la bem.

Não sei se esse é o caminho, muito menos se é o certo. É a minha vontade e a ela obedeço... São meus dias de cão a quem ninguém devo, a ninguém explico.

Desses dias de catarse, de desespero e de abismo.

Precipício de mim mesma e não irei choramingar as horas, meu destino, meu itinerário.
Ninguém merece ouvi-los ou lamentá-los. Faço-o eu muito bem.

E por mais que eu oralize os meus intentos. As palavras sempre soarão secas, desprovidas de significado e de correlatos infieis do mundo que está em rebuliço agora – dentro de mim.

Só quero solitude.

Ananda Sampaio***

2 comentários:

Cynthia Osório disse...

Catarse íntima. Nossa tristeza só pertence a nós até quando se vai e ela sempre vai

Ana Amélia disse...

é amiga, sao desses momentos que nao podemos deixar de "apreciar" por completo, mas sempre sabendo quando devemos parar pra nao ficarmos escrava disso tudo.


ana,