21 de junho de 2011

In my shoes



               'E quando o sol vier socar a minha cara com certeza você já foi embora' - Cazuza


Estou só. A passos lentos ou ligeiros olho ao meu redor e contemplo a verdade de que a minha vida se reduz a mim e as ações que são praticadas por mim. Por mais que existam mãos estendidas, sei que cabe a mim plantar o que só eu sei  que irei colher. É somente eu recebo de peito aberto as conseqüências dos meus atos. Apenas eu enfrento minhas fraquezas e frustrações tête-à-tête.

 Verdade é que ao meu lado vejo o universo fluir e do outro, do lado de cá estou sozinha.

As respostas estão por minha conta. As perguntas também. E no círculo de pessoas que me cercam. Há apenas o abraço uno de mim comigo mesma. Podem até chorar minhas lágrimas, lamentarem minhas derrotas – mas, ninguém... Ninguém as sentirá como eu as sinto.

Muito menos saberão o significado.

As vitórias são construídas de mil auxílios – e as tristezas são regadas por minha própria incapacidade ou desejo de aceitar que seja diferente. E se as pessoas me afetam, me matam aos poucos a culpa é minha.
 Eu permiti isso, eu as armei contra meu próprio país.

E que país frágil esse que habito, só. E inúmeras são as horas que preciso refazer a fundação, reinaugurar esse meu lugar – no qual me trancafiei com mil fechaduras de aço e tinta. E mais mil serão as chaves que usarei para sair do cárcere.

Preciso entender que nasci para caminhar somente com meus pés – mais ninguém pode evitar minha queda ou o passo em falso.

Tudo depende de mim. E talvez eu tenha escolhido o caminho mais árduo e que muitas vezes me apavora me desequilibra.

Aprendi a correr sobre a corda bamba das minhas emoções e quem irá me deter?

A maioria dos trajetos não tem retorno. Via de mão única. Existirá alguma novidade nisso?

Afinal as regras do jogo sempre estiveram bem claras.

Ananda Sampaio***

5 comentários:

Folheto Nanquim disse...

A vida em seus diferentes tons
as arestas delicadas
passos que parecem estar numa escada feita de casca de ovos.
Minuciosa vida.
Grandiosa!

Luciana Lís disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Lís disse...

Verdade, essas palavras tem um cabimento universal. Estamos todos sozinhos, cada um de nós com a consciência intransponível, nossas dores q as vezes ate deixamos guardadinha, nossos ônus e bônus cotidiano...
Será essa solidão algo q nos molda e constrói nossa personalidade, aquilo q somos?

Adorei! (como sempre)
:D
Te amo!
=***

Ana Amélia disse...

de todas as verdades, as nossas maiores fragilidades são sim aquelas que no fundo nao somos o suficiente maduros para compreender e aceitar. enquanto isso o peso do mundo vai caindo até em quem nunca pareceu esta sozinho.
mil beijos,
ana;)

Cynthia Osório disse...

"Por mais que existam mãos estendidas, sei que cabe a mim plantar o que só eu sei que irei colher."
Esse trecho é especialmente forte!
Em meio a dores e delícias só há realmente Um. Penso que o segredo é ser livre, sobretudo de si.