5 de julho de 2011

Às avessas


 "Quando você foi embora fez-se noite em meu viver/ Forte eu sou, mas não tem jeito hoje eu tenho que chorar"  (Fernando Brant/Milton Nascimento)

Kate Moss
Eu tinha 15 anos e muita rebeldia sem causa quando nos conhecemos. Eu e meu jeito estranho, calado quando chego a um ambiente desconhecido. Eu, na minha timidez, jamais imaginei que tinham olhos a me observar. Jamais pensei que olhos estranhos, alheios me abraçavam sem que eu sentisse.

Eu, sem saber, acabrunhada. Nem pude corresponder. Eram tantos novos detalhes a captar... E você lá no cantinho.  Eu sou dessas mulheres armadas, que não curtem aproximações imediatas. Meio bicho do mato, preciso saber que piso em chão firme. Vou me mostrando aos poucos, as gotas, gotículas. Medo, o desconhecido me causa pavor.

E você se chegava assim sem nenhum pudor, ou despreparo. Vinha como quem já me conhecia, como quem já me tinha como caminho, como trajeto. Aos poucos você foi me dando muita coisa, muita vontade, muito amor e admiração. Eu não sabia onde guardar tanto sentimento. Eu não sabia nem lidar com os meus. Estava engatinhando quanto a meu conhecimento interior.

Você parecia nem sequer pensar nisso. Ouvia meus delírios e essa minha mania de querer filosofar e sofrer tentando entender o porquê das coisas, os por quês de mim. Você ouvia atentamente e até parecia entender e compartilhar comigo. Eu amava, gostava das tuas observações. Do teu jeito bonito de me admirar, como se eu fosse a mulher mais especial do mundo.

Mas, eu não acreditava ser. E tudo se confrontava e colidia. E eu sempre envolta em tempestades, em oscilações loucas. E você se assustava e me abraçava como se quisesse acalentar as minhas dores. Esforçando-se pra me entender. Você adentrou num labirinto desconhecido até por mim. Por amor, simplesmente.

Como se tua vida dependesse da minha. E eu no meu egoísmo latente não percebia isso. Apenas explodia em sensações nem um pouco racionais. Ás vezes eu queria desaparecer, noutras queria ser vista. E assim os nossos dias de atropelo perduraram até o momento que nem eu mesma pude me carregar.

Uma pane total. Momentaneamente sem retorno. E quando você foi embora. Eu tive tempo, muito tempo para entender e refletir sobre meus dilúvios, tornados e pesadelos. Eu tive tempo para encontrar a saída de mim mesma. E quando eu estava livre, de braços abertos e coração limpo você já não estava mais...
Inexplicavelmente, você retornou para mim. 

E eu sou um barco que veleja na quietude do mar e você o marinheiro que habita dentro de mim para sempre. 

Te amo imensamente.

Ananda Sampaio***

3 comentários:

Filho disse...

Faz tanto tempo, mas pra mim parece que foi ontem que vi você pela 1ª vez. Está tudo tão claro na minha memória, nem parece que já se passaram 11 anos. Eu te amei de cara. Podia parecer um "namoro de adolescente", mas eu sabia que não era. Ainda lembro da sensação de ficar sentado junto de você nos bancos do Madre Savina, das nossas fardas, lembro do seu cheiro, do cheiro das suas roupas, lembro de tocar violão pra você, das longas conversas, dos sábados no shopping e domingos na sua casa... Eu faria tudo isso de novo do mesmo jeitinho. Para mim foi e continua sendo perfeito está ao seu lado, você é a mulher da minha vida! Te amo!
Filho

Alicia disse...

Fiquei perdida aqui.
Afogando-me em amor.

Anônimo disse...

ah... o amor!!!