9 de junho de 2011

Parte arrancada de mim




Minha vida tem vários pedaços. Alguns eu consigo enxergar, outros se perderam no caudaloso baú das minhas memórias póstumas. Um dos inúmeros pontos é minha cadela com um limão na boca pedindo que jogue eternamente pra que ela vá buscar – ela pensa que o limão é uma bolinha. E o limão é uma bolinha. Outro milímetro são as coisas que me absorvem e escrevo. Talvez evitando meu total desaparecimento. Ou pelo menos, na mera tentativa de me rever em outros tempos variados.

Parte da minha vida é minha lista limitada de amores, de amigos e ilimitada de abraços, beijos e gargalhadas gostosas naquele barzinho próximo a Universidade. Pedaço significativo de mim é o jornalismo. Os amigos de vida e profissão que lá fiz e que sempre levarei comigo. Nossa conversas ferrenhas sobre política, filosofia, ética e amor. Tempos de exorcismo de nossos demônios pessoais e coletivos. Felicidade.

Um parágrafo bom da vida são as pessoas que estão de repente escoradas na nossa vida. Pessoas que trago e tenho no peito. Sejam parentes co-sanguíneos ou de alma mesmo. Outro retalho são as pessoas que riram das minhas piadas, que choraram comigo nos dias que tudo que eu queria era simplesmente me desfazer.

Virar brisa, virar ar. E me pôr a vagar por aí.

Uma outra é reservada a uma pessoa só - pra quem guardo meus sorrisos mais bonitos, minha roupa nova, noites de sono juntinho.Alguém que eu queria que só me visse com bons olhos, pra quem solenemente entreguei o pedaço mais caro de mim - o meu amor.

Parte da minha vida é minha tentativa de dormir menos, de me impressionar menos com a rudeza do mundo. Em muitos dias a trilha sonora foi por conta de Elis. E eu vivi – revivi até perceber que a vida nos arranca pedaços indiscretamente. Não se importando se fará falta. E aí vem o tripé que tanto Clarice fala. E eu...ah! eu preciso me adaptar.

Ananda Sampaio***



2 comentários:

Anônimo disse...

Texto ficou otimo amor, principalmente na parte que me toca! A cada dia que passa você escreve melhor!
te amo. Bjoo
Filho

Luciana Lís disse...

A Gordurinha com o limão na bocaaa! e a gente querendo ser cachorro tbm, eles são felizes demais, né? Inocentes...
A uespi.. com pouco tempo de convivência eu já sabia que me traria muitas saudades. mas me trouxe amizades que tentarei preservar ao máximo pra vida inteira, ao menos as lembranças eu já sei: o tempo não leva embora, estarão sempre comigo!
texto muito bom! embora saibamos que as palavras não desenhem todos os nossos sentimentos, as sensações, as saudades, pra todo o resto ela nos basta, nos fantasia, nos traz alívio...!
um dia lembraremos das nossas conversas chatas, quando seremos duas amigas mais velhas e mais chatas ainda! acho q no dia em que nos chegar essa lembrança teremos a certeza de mesmo com o tempo vivido, mesmo com uma suposta maturidade, saberemos menos da vida do que um dia chegamos a supor!

maaaaaas, se te servir: vc terá sua companheira de revolución!
te amo!
=***