4 de agosto de 2011

Sobre escrever



O escritor é um ser eternamente inacabado. E sua obra sempre será um acerto e um equívoco. Pois, a partir do vasto mundo existente dentro dele ele capta as diversas realidades que transitam sua órbita. O escritor sofre para ser escritor, porque cada vez que o vazio aumenta ele despeja em palavras o que lhe assola. Mas, as palavras nunca são suficientes.

 Há sempre a necessidade de mais vocábulos e mais significados. O escritor escreve sobre a dor que sente e sobre a dor que vê. Um grande escritor deixa junto a sua literatura o seu próprio sangue. Resultado de guerras perdidas , guardadas que se tornaram palavras, períodos, frases. Que muitos amante irão decorar, copiar e até tatuar no corpo. Como porta estandarte da dor, da vida e da filosofia compartilhada e cravada na pele.

Até chegar às belas frases, imagens há um percurso árduo. Mas, nunca há renúncia  de si mesmo. Escrever é não se importar em catar os cacos, juntar as folhas secas caídas ao chão.É ir ao fundo do poço sem medo, encarar de frente a carranca. É não se eximir de conhecer as profundezas de si mesmo.

Como se fosse antídoto e veneno ao mesmo tempo. Como se auto-mutilar fosse a única opção. E deste eterno ciclo vicioso nasce a literatura. Os livros que se tornarão obrigatórios em todas as bibliotecas do mundo. E será discutida a vida do autor, o contexto em que ele escreveu aquilo. Tudo na tentativa de transformar a literatura em teses, dissertações... em lógica. Escrever não é lógico e sim, talvez, racional.

Porque injetar literatura de verdade nas veias é pra quem não tem medo.Duvida?

Ananda Sampaio***

Nenhum comentário: