6 de maio de 2012

Primavera


-Ninguém pode me salvar. Sussurra no escuro a velha senhorita.

-Nem a santa missa aos domingos, nem o abraço de quem está longe. Não há ninguém que possa me aliviar da solidão que sinto, das consequências dos meus atos, das palavras displicentes em contraste com o vento.

- Não há quem possa me salvar de mim!Nem o Santo Papa, nem os santos fortes... na teia que me debato não há quem me retire. Nem em Paris estaria livre, pois ela há de ir comigo aonde quer que eu vá. Não existem analgésicos, tá tudo aqui.

- Dentro da cesta que carrego, entre as noites de insônia e os dias nublados. Eu disfarço, manipulo e maquilo. E às vezes ela cala e se compadece de mim. Dá um tempo!Mas, desabrocha como flor inesperadamente e quando isso acontece nunca é primavera.

Ananda Sampaio***

Um comentário:

Cynthia Osório disse...

às vezes nunca é primavera! bonito esse jeito de dizer das angústias!