7 de outubro de 2009

Arquitetura




O alicerce do teu ser ruiu. E assim tu te transformou em pó, em algo que não é tu, mas que é feito de ti. E desta maneira, eu não te conheço mais, não te identifico meio a multidão de gente tão igual.


Nos passos loucos e apressados da senhora vida a gente foi se perdendo, até nos habituarmos definitivamente planetas díspares. Somos seres ambíguos e nossa relação tornou-se transitória, intermitente. Luzes que se apagaram e não tem previsão de quando se acenderão.

Nas tuas lágrimas eu já nadei, nos tormentos de tuas dores eu já morri. E hoje não te conheço, você se cuspiu, se escarrou.


E eu não sou anjo, mas minhas asas partiram-se.


Por que eu quis!?!? Talvez, porque eu era anjo, mas de pedra, mármore. Fixo, cinza. A leveza que impulsionava minh'alma ao céu, era tu. E mesmo eu sendo anjo denso, eu era anjo. Mas, as tuas feridas eu fui capaz de sanar. E se agora, alguma chaga reabri, desculpa-me.


Se agora são silenciosas nossas bocas e olhos e mãos resta-nos ainda o coração.


Ananda Sampaio****

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