30 de julho de 2013

O confronto

Marta, by Brian Scott
Depois de protelar o encontro, a confronto desenrola-se na cozinha. Ele fingindo sede, abre a geladeira e bebe um copo com água sem prazer. Ela sentada, espalha os dedos pela tecla do notebook, redigindo os últimos detalhes de um texto qualquer.

- Desculpe, não tenho controlado meus ímpetos ultimamente. Ando irritado.

Márcia, sem tirar os olhos e os óculos da tela do computador, diz:

- Um dia vou me fechar de vez e você não conseguirá mais me abrir.

- Suas palavras são duras demais, sempre.

Tirou os óculos, esfregou os olhos, descendo as mãos pelo rosto.

- Minhas palavras são sinceras em respeito a você, jamais as usaria para mentir.

E ele percebeu que não só as retinas dela estavam cansadas.

- Dessa maneira, eu jamais poderia ficar indiferente a elas.

Ela vira-se finalmente, olhos nos olhos.

- Amor não tem nada a ver com indiferença, sejam minhas palavras secas ou suaves você jamais poderia ser indiferente.

- Obrigada. Selou os lábios e num desenho que insinuou um sorriso torto pediu desculpas mais uma vez.

E a concha se abriu.


Ananda Sampaio

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu nunca esperei por essas palavras, pensei que fosse diferente. Mas a luz se espalha, e infelizmente a sombra se intala, as vezes.. Deus guarde nossa salvação! Te amo pra sempre!