10 de março de 2015

Fragile


Quase todas as nossas vulnerabilidades podem ser vista a olho nu. Por isso, não me encare, não me verse o olhar. Não retire minhas camadas – deixe pairar a dúvida e a eterna lacuna. Assim se faz mais belo o espírito. Assim se faz mais fácil.

Não preste atenção naquilo que não digo, nem no que desenho no silêncio das noites frias. Façamos de conta que sou uma figura plana. Sem subidas. Sem quedas. Sem descidas. Deixa tuas mãos surfarem sobre o meu cabelo e assim faz de conta que sou mar. Mar a amar. Amar a beira mar. Mar a beira de mim.


“Time is as weak as water”

Pois, sobre a fragilidade da água flutuam a nuvens de sol, de chuva e de algodão. Sobre a frágil água vão os enormes barcos, barquinhos, embarcações e veleiros. A água carrega as pétalas e as pedras. E as águas e o tempo na sua mais pura fragilidade carregam muito, quase tudo... Varre o mundo, varre nós dois. Por isso, não me encare. Não me descubra - deixa que caminho seja um eterno refazer-se. E eu me junto a ti e tu se junta a mim.


Ananda Sampaio

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