17 de abril de 2015

Intervalo

Trinta anos não são trinta anos. Trinta anos podem valer por cinquenta, por sessenta, por vinte, por dez ou por nenhum.  A idade muda, o último dígito, na maioria das vezes. Mas, nem sempre muda junto o espírito ou o coração.

Chego aos trinta com menos roupa no guardarroupa, menos sapato no sapateiro e mais livros na estante. Chego aos trinta com uns sonhos na manga. Com vontades e desejos ainda por realizar. Com planos frustrados e outros de pleno sucesso. E ainda prefiro autorretratos a selfies.

A vida não é um mar de rosas e nem um mar de lágrimas. Existem muitas coisas interessantes e bonitas nesse imenso meio termo. Chego aos trinta amando o meio termo- não sou jovem, nem sou velha. Sou apenas quem escolhi ser e outros alguéns que ainda não consegui me desapegar – embora tenha tentado. Sou o ínterim.

Contabilizo três gatos e quatro cachorros – companhias que têm me ensinado cada vez mais sobre a vida. No meu álbum de pessoas, guardo as mais bonitas, algumas me lembram girassóis e outras a lua e algumas mais são estrelas do meu céu.

Chego aos trinta lamentando as minhas incompatibilidades com o mundo e me lembrando que são elas os meus pilares e a minha digital. Chego aos trinta querendo ser a pessoa que meus cães pensam que sou. Planejo me exercitar, sair dessa vida sedentária que levo desde os vinte.

Agradeço por mais uma década de vida, de vivências e de longos pensamentos. Queria uma memória mais expansiva – cada vez mais lembrar se faz um ato prazeroso. Queria guardar aqui dentro os melhores momentos, com seus detalhes e nuances.

Chego a essa idade e não sou nem um pouco parecida com quem eu imaginei que seria. Graças a Deus!

Ananda Sampaio


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