2 de julho de 2015

Asas de Vento



Sobre a minha cabeça voa um pássaro 
Voos circulares, iguais, sintonizados
Sou o pássaro e enxergo a mim
Estilhaços no chão 
Me abaixo e tento juntá - los 
Mas já não há como
Espatifado está o meu destino 
Minhas asas batem, são fortes
Contudo não causam estrondos
São extensões de vento
Canções aéreas de desventuras desbotadas

Acompanho meus passos
Desvio o caminho, a rota é outra
Mas lá está o pássaro 
A me vigiar e não me deixa fugir
Ele diz palavras que saem dos meu lábios
"Sou como sou. Retrato mal acabado"
Não adianta correr , nem se esconder
Lá está ele, cá estou eu


Pássaro preso na gaiola invisível 
Pássaro tonto de voos precipitados
E não se pode fugir
Só é possível sonhar
Com novos sonhos jamais vistos
Com gaiolas para se quebrar
Com alguma coisa além 
Com a liberdade que nunca se tem.

Ananda Sampaio

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