Descobri muitas coisas, mas a
maioria delas eu não posso contar. É como se montanhas tivessem desabado e
fosse possível presenciar a chuva voltar para o céu. A cada descoberta um grão
do mar que sou, muda de lugar. Posições se invertem. É muito para quem não sabe
de quase nada como eu.
Quero dizer, não quero calar. Mas
as palavras escorrem dos meus dedos como água, evaporam e partem para dentro de
mim. E lá eu já não posso mais alcançá-las. Visto o meu jeans surrado, mais
velho e feio porque é mais fácil. Não consigo me deter tanto em escolhas
desimportantes.
E quando tento colocar a palavra
sou só silêncio retumbante. Ondas abstratas invadem e compactam tudo; abro a
caixa que guardei todas as coisas e ao levantar a tampa percebo que lá não há
nada. Como um caminho que se desfez junto ao caminhar, como o retrato antigo no
qual não me reconheço mais. Estaca zero.
Começo mais uma vez. Cato um
pouco daqui, junto com o que me entregam ali e não sabendo catalogar empurro
para dentro do armário. Guardado, trancado está. Mas desaparece e todo o
refazer deve ser iniciado.
Assim são as mudanças, assim são
as revoadas dos pássaros que tendem a ir e vir. Até o dia que não retornarão
mais. E se desfarão junto comigo num pôr-do-sol aviltante e descabido. Eu sou o
pôr-do-sol no meio da manhã. Essa coisa toda descompassada, fora de hora e
latente. E isso ninguém vê [melhor pra mim]. Na verdade eu deveria ter sido
bailarina, lamento muito.
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