7 de dezembro de 2008

Um pouco do que não mais existe.



Em dias assim é que eu sentia mais falta. Falta do amor, dos abraços e das brincadeiras infantis e adolescentas que nos prendiam. A vida estava ali, não tinha mais nada. O tempo seria vivido sempre daquela maneira. Teríamos para sempre os mesmos amigos. E sempre iríamos rir das mesmas piadas. Seríamos sempre jovens, cheios vitalidade e de hormônios.

Nada mudaria nunca. Final de ano teria sempre o mesmo cheiro de chuva. E você sempre iria me buscar na porta do colégio, porque eu sempre ficaria de recuperação em matemática, física e química. Os carros, as folhas.Os nossos pais estariam sempre nos enchendo de conselhos e "cortando nosssa asas".

Engano terrível não é mesmo?! estranho é assumir que ainda me prendo na teia do tempo, ainda me perco na cronologia dos fatos. Outro dia conversávamos e sem querer, por um impulso profundo eu te disse que 'os tempos passados só deixam saudades, porque tudo está sempre mudando, e se as coisas não mudassem não teríamos saudade para guardar no peito.' Eu disse assim, não pensei muito, embora as palavras tenham se debulhado da minha boca pra fora.

Sempre que você me abraça desejo parar o tempo e prolongar a circunstância. Ás vezes é tanto prazer que provém desse enlace, que espanto-me ao pensar que ali mesmo me desfarei em moléculas.
É difícil alcançar a consciência das coisas que mudam. É tão rápido o encontro e o adeus que tudo passa, e embora fique uma saudade nunca se sabe bem de quê.

E mesmo não tendo mais motivos para sentir saudade de ti, pois tu agora não mais distante está, ainda há uma saudade afável e delicada. Da inocência perdida, da liberdade jovial da alma que antes em mim habitava. O que fomos e nunca mais seremos de novo.

Tomo um remédio, alivia a cabeça. Ainda há algo a mais para sermos e isso me acalma. 'Boa noite, querido. Não esqueça de apagar o abajur. Te amo (um beijo estala).'


Agora te ter é uma certeza (alívio).-penso eu.



Ananda Sampaio***


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