"Viver é envelhecer,nada mais." Simone de Beauvoir
E quem não tem seus dias de luto? Luto pelo o que já sou, pelo que esqueci ou pelo o que perdi levado pela correnteza insconsciente dos dias, dias meus, dias seus, dias que muitas vezes vem e vão como vãos, não tem lugar na memória, não tem lugar no diário, só consta na contabilidade oca dos dias quando chega o reveillon sabe-se que 365 dias se passaram....
Aniversário...data estranha pra mim, entre meus demônios esta data se encaixa, a carapuça serve. Mais uma prova incontestável da matemática, não há como dizer que os 25 cinco anos passados não tenham sido vividos (bem?). Tento calcular meus desvios, meus devaneios.
Quem sou eu agora? a soma de meus anos? as experiências vividas? viver ultimamente parece mais com reviver ou sobreviver. É essa a arte que tento praticar a cada dia. Meus ídolos são os mesmos, as poesias com as quais eu choro ainda são as mesmas, então... o que mudou? a cor do meu cabelo, um novo disfarce no meu mais velho sorriso?
Trago marcas, das noites que tentei prolongar dormindo, das lembranças da infância, da saudade de quem já morreu, da saudade de tudo que já vivi e de todas as coisas que um dia acreditei.
Não quero bolo com glassê, nem refri em copo descartável. Respeito, hoje é dia de luto. Hoje às dez horas eu não nasci, eu tive que morrer e quem sabe a meia-noite quando este dia acabar eu renasça. Qual a luz que me ilumina?
Odeio a sensação de que só existo no meu aniversário, que o mundo só me olha com olhos ternos quando me carimba com um novo número de série.
Contudo, agradeço o parabens. Mas, me entenda estou de luto. Flor de abril que desabrocha.
Ananda Sampaio***
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