Deixando as fotografias, rasgando as cartas e cartões de amor. E comprou a passagem sem saber o destino do traslado, pouco importava pra onde ir. O importante é q tinha que ir. Folha seca, ressequida, estragada, desgastada. Era preciso plantar novas raízes, em novos terrenos. Não queria mais aquele amor- esgarçado como um jeans velho. Sem serventia.
Trazia nos ombros o peso do adeus, o peso do mundo que escolheu deixar pra trás.Da contagem dos anos.
Coração enferrujado, lágrimas adormecidas. E sabia que estava fazendo o certo. Sabia que as luzes um dia se apagam e é preciso aprender a tatear no escuro, de si mesma.
E lembrar que o outro é apenas um refúgio, um estratagema para não mergulhar fundo no que se é de verdade. Não importava a casa, a colcha da cama, o pó dos móveis ou a roupa engomada.
Deixava pra trás. Arqueando bandeira de paz. Dessa tal paz interior que só se encontra quando se está em cacos. É a dor do abandono dos sonhos, dos princípios juvenis, das ilusões furtivas que se vão com o tempo – com as experiências.
Sempre que somos despejados de nosso mundo, ou do mundo que construímos e que não mais nos pertence ou cabe.
Como uma roupa velha fora de estação – que não condiz mais com a pessoa que você se tornou isso tudo aos poucos. Mudando aos milímetros ninguém dá conta das modificações que vão se arquitetando. E de repente se é um estranho, em terra desconhecida. Eterno peregrino, engenheiro de novos mundos, de novas saídas e entradas. É preciso sobreviver.
Ananda Sampaio***
Um comentário:
O bom é que tem a chegada, com unhas limpas prontas pra novas cores!
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