Por favor, não atravesse aquela linha. Depois dela está o
meu mundo e peço-lhe que não o invada, nem com tanques de guerra, nem com vasos
de flores. Não gosto de invasores, tenho sempre a impressão que desejam
surrupiar-me algo. Então, don’t across
the line! Não há crime algum, apenas meu mundo existindo no absurdo dos
meus pensamentos.
Fique onde está não dê um passo, não mova um dedo. Seja
diplomático, aprazível. Eu quero hoje que o sol nasça quadrado e a lua assume a
cor que minha alma disser. Aqui não tem formatos que caibam em mais alguém, tudo neste lugar foi tecido apenas para agarrar meu corpo. Os compartimentos são ideais
para minhas dimensões.
E ninguém mais pode estar debaixo da minha própria carne,
além de mim mesma. O melhor que podes fazer é me propor um tratado de paz, onde esteja
acordado que jamais haverá invasão. Um tratado de paz, mas com cláusulas de
letras graúdas: “nunca atravessar a linha”.
E se quiser olhar nos meus olhos, talvez consiga vislumbrar
as maravilhas que fiz pra mim e as tristezas que estão enraizadas e que às
vezes se alastram como erva daninha. É a única entrada que te permito adentrar.
O resto é meu, somente meu.
Talvez eu te mande uma carta, do tipo que gosto, pelo
correio. Feita de papel e caneta. Com rasuras, assinatura e amassado. E então,
creio que poderás levar contigo um pedaço físico do meu mundo. Não garanto que
você não vá assustar – existem sempre detalhes que deixaram de ser ditos. E os campos de morango foram todos guardados pra mim.
Ananda Sampaio***
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