“I've been looking so long at these pictures of
you
that I almost believe that they're real
I've been living so long with my pictures of you
that I almost believe that the pictures
are all I can feel.”
that I almost believe that they're real
I've been living so long with my pictures of you
that I almost believe that the pictures
are all I can feel.”
The Cure – Pictures of you
Eu escrevi muitas cartas pra
você, todas sem intenção de serem enviadas. Escrevia pra aliviar a tensão, como
faço agora. Pra aliviar a saudade e o desespero de imaginar você tão solto por
aí. Pairando sobre lugares em que não estou que não posso estar. Não sei qual o
último filme que você assistiu e gostou, nem a música que você tem ouvido
repetidamente. Só sei de mim e de todas as coisas que imagino você fazendo,
dizendo e pensando.
Será que você ainda pensa em mim?
Essa é a frase mais recorrente, a dúvida que mais exige análise, tempo dos meus
dias nublados. Deito naquela rede e você me vem a mente como um tour obrigatório. Um passeio que faço
pra satisfazer toda minha saudade de estar com você.
Nunca encontrei alguém que me
olhasse como você. Apenas você conseguiu me ver de uma maneira melhor do que
realmente sou. Penso no discurso que faria se você chegasse aqui, agora. Fecho
os olhos e fabrico pensamentos constantes em você, na tentativa quase infantil
de fazer você lembrar-se de mim.
Você está no meu dia mais do que
deve imaginar. Você está em alguém que olho de soslaio e que de repente tem a
nuca parecida com a sua. Enquanto passeio pelos ônibus e observo os outdoors e percebo que eles vendem quase
tudo.
Quase...
Estranho é perceber minha vida
sem a tua, meus dias sem nossos encontros. E se eu te mandasse essa carta, como
você reagiria? Tento imaginar todas as possibilidades – das mais positivas às
terrivelmente negativas.
E quando termino não me convenço. A vida sempre
surpreende. Mesmo depois de tanto tempo ainda teríamos alguma afinidade?
Eu mudei tanto, já revi tantas
coisas na minha vida. Tenho aprendido mais do que pensava ser capaz. Será que
você conseguiria me reinterpretar? Entre nós já foram construídos abismos,
tantas pessoas já passearam por nós e deixaram tantas outras coisas. Teríamos
ainda algo em comum pra compartilhar?
Mas, preciso dizer que não me
sinto assim todos os dias. Tem dias em que acordo e pareço inteira. E em outros
sou só pedaços – e você faz uma falta danada. E, percebo que penso em você mais
do que devia. Preciso olhar pra frente e acreditar que alguém conseguirá ser o
que você foi pra mim. Ou pelo menos fingir que acredito.
Esse negócio de amor é mesmo
estranho. Furta cor, furta tempo. Às vezes some e noutras consome. Mas, me diga
por onde você anda mesmo? Só sei te dizer que há saudade, além da conta. Muito
além do que posso guardar no meu baú de raridades.
E pelas cidades dos homens nós
nos perdemos. Desencontros.
Tens a mim.
Ananda Sampaio***
Nenhum comentário:
Postar um comentário