Esse
foi o pensamento que me veio àquele dia, na praia. Algumas pessoas são feitas
de nuvem, outras de vidro, de aço, de flores, de ar, de luz e tem até mesmo
algumas que são feitas de carne.
Eu
queria ser de mar – pessoas feitas de mar estão em movimento, são fluidas, são
salgadas e estão sempre prontas para o impacto. Olho pra essa bacia enorme que
contém o mar e acredito que ali, após aquela linha que traça o horizonte, onde
mar e céu se tornam uma só pessoa, existe um buraco, onde é possível a queda.
Sempre
é possível, mesmo pra quem tem asas.
O
mar é a comprovação de Deus, até consigo vê-lo. Passando as mãos e agitando as
águas.
O mar é mágico.
E
sentar a frente dele é contemplar alguma coisa que está além – que está em mim.
No mar que carrego. Eu também carrego um mar comigo.
Tenho
ondas, marés e sofro com intromissão da lua.
Dentro
de mim há apenas um navegante, mas várias rotas. Assim como o mar externo, o
mar de fora. E somente o Ele poderia caminhar sobre as minhas águas – somente ele
poderia abri-lo ao meio e permitir uma viagem mais terna.
Porque há muita água em mim, sempre há.
Ananda Sampaio***
Um comentário:
Lindo meu amor! :)
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