6 de agosto de 2014

O tempo, o vento e as pessoas


Não saberia falar sobre os dias que se passaram. Afinal depois de retidos na memória tornam-se borrões, rabiscos do instante, do momento. Sinto saudade de quem eu era e uma vez, numa noite qualquer,  demos as mãos e nos despedimos. Vez ou outra vejo ressurgir em algum caco da minha alma uma sombra turva de quem nunca me deixou: a saudade.

É a saudade que me fez fechar os olhos inesperadamente e forçar a memória a lembrar o que ela guardou em alguma gaveta enferrujada do meu subconsciente. Exercite, exercite. Eu digo em voz alta e minha alma se reparte para depois tomar forma mais uma vez. Nem sei até quando será assim.

Até quando é preciso sentir o vento e perceber que junto com ele corre também o tempo. O tempo para o qual eu não existo, mas que existe para mim. Numa relação desigual ele vai desenhando em minha alma alguns caminhos, algumas janelas e algumas saídas. E vez ou outra quando me equivoco e tomo o caminho errado, dou de cara com alguém, alguém que esteve em mim.

Porque são esses os meus lugares, onde inscrevo minhas impressões. Onde arregimento meus acordes e onde eu habito sem medo. Vou a fundo mesmo jamais enxergando o chão. Porque existem viagens, especialmente as desvairadas, sem passagem de volta.


Há apenas o eterno retorno, mais uma vez.

Ananda Sampaio
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