Os olhos que enxergo o mundo não
são os mesmos que uso pra ti observar. E assim é com todos os meus sentidos que
se destituem de qualquer medida ou apreensão pra te traduzir em mim. Aquelas
vezes que me jogo sobre teu corpo tentando invadir teu espaço e que te abraço
num desespero calado é porque te amo. E não respeito as leis da física.
Guardo tua presença com apreço
incomum e quando você sai me embrulho com teu lençol. Sempre invado
sorrateiramente teus espaços quando eles estão solitários e os preencho com
minha presença e sei que ali naquele espaço e tempo nos reencontramos. Naquele
lugar nós resistimos. E ali o mundo não pode nos espezinhar. Somos donos de nós
mesmos.
No teu sorriso amanhece o sol e nas
tuas costas deitadas minhas mãos encontram os morros, os rios e o chão [emoções
tácteis]. Sou feliz – deduzo. Feliz por todas as brincadeiras e por parecermos
por vezes tão infantis, tão crianças e tão velhos.
Em alguns momentos carregamos juntos
o peso da vida e das impossibilidades que nos cercam as saídas e junto
levantamos. Erguemos o rosto e ensaiamos um sorriso. E nós mesmos construímos
nossas portas de emergência e inventamos mais uma vez a nossa vida. E não, o
mundo ainda não nos tragou. Há resistência em nós, há aquela palavra.
Amor.
Ananda Sampaio
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