20 de maio de 2015

Aquela palavra



Os olhos que enxergo o mundo não são os mesmos que uso pra ti observar. E assim é com todos os meus sentidos que se destituem de qualquer medida ou apreensão pra te traduzir em mim. Aquelas vezes que me jogo sobre teu corpo tentando invadir teu espaço e que te abraço num desespero calado é porque te amo. E não respeito as leis da física.

Guardo tua presença com apreço incomum e quando você sai me embrulho com teu lençol. Sempre invado sorrateiramente teus espaços quando eles estão solitários e os preencho com minha presença e sei que ali naquele espaço e tempo nos reencontramos. Naquele lugar nós resistimos. E ali o mundo não pode nos espezinhar. Somos donos de nós mesmos.

No teu sorriso amanhece o sol e nas tuas costas deitadas minhas mãos encontram os morros, os rios e o chão [emoções tácteis]. Sou feliz – deduzo. Feliz por todas as brincadeiras e por parecermos por vezes tão infantis, tão crianças e tão velhos.

Em alguns momentos carregamos juntos o peso da vida e das impossibilidades que nos cercam as saídas e junto levantamos. Erguemos o rosto e ensaiamos um sorriso. E nós mesmos construímos nossas portas de emergência e inventamos mais uma vez a nossa vida. E não, o mundo ainda não nos tragou. Há resistência em nós, há aquela palavra.

Amor.


Ananda Sampaio

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