16 de maio de 2015

O corpo


Por agora, coloco a mão sobre o lado esquerdo do peito e posso dizer que ele pulsa. Meu abdômen se contrai e descontrai com os movimentos dos meus pulmões. Afirmo categoricamente: em mim há vida.Vida que pulsa, que geme, que luta e que nos momentos de tristeza hasteia "bandeira branca, amor". Porque a vida corre em mim num tráfego constante. Aperto meu pulso e sinto os batimentos cardíacos e o percurso do meu sangue abastecendo meu corpo de oxigênio.

Mas não, isso não basta. Meus olhos também vivos desejam contemplar muitas visões, viagens e paragens. A vida não cessa e eu mesmo dizendo não, digo sim. O tapete dos dias se estende sob os pés e tenho que trilhar e seguir.

Não há mapas, nem pontos de referência. No entanto, ela está aqui comigo. Nos meus pensamentos, na minha respiração e no meu corpo que pode, pode sempre, pode sempre mais. Parto, então para a desvairada rota da vida. Que me dirige. Um impulso e o pulso ainda pulsa. O músculo ainda atrofia e gera força. Corrida.

Corro pros braços do meu amor e peço contenção. Mas os gastos e as contas são altas, infinitas. Porque a vida não é indolor, embora pareça sempre velha e gasta. Arranha por dentro. Corro pro meu amor. Dedos, mãos e braços. Silêncio. O meu amor me salva, graças a Deus, graças a ele estou bem. Vez ou outra somos rocha. Porque o corpo aguenta. Ah sim, menina como ele aguenta. Ele é só carne, mas sempre resta o espírito.

Ananda Sampaio 

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