Os laços são os mesmos: furtivos.
Seiva que alimenta todos os dias – que fortalece os nós, que nos comprime em
um, ou quase dois. Minhas fragilidades são meus distanciamentos – nelas estão
os segredos que não falo, as dores que não proclamo. Ao menos as dores, elas são
minhas e não gosto de dividi-las ou publicitar.
Resguardo meu amor e tudo que me
alimenta dos flashes, das câmeras, só não das frases. Preciso palavrear o
aspecto de tudo que me toca, de tudo que sopra em meus ouvidos e me parece um
conselho bom, daqueles raros que vale a pena seguir.
Não utilizo meu sorriso como uma
ferramenta qualquer, embora ele seja livre não é frio, não obedece a cálculos e
não se encaixa no tempo. Sempre rio nas horas erradas, porque nas horas certas
sempre é burocrático demais.
Gosto das gargalhadas, do sorriso
em explosão. Daquele tipo que quase extingue meus olhos, transformando-os em
linhas curvas e simpáticas. Só deixo ao vento as minhas palavras, as minhas
mãos e os meus olhos.
O resto é meu e divido com
aqueles que sempre estão perto, gente de carne, osso e ranhuras. Guardo para
elas as singelezas do meu ser e também as agudezas do que sou e não me orgulho.
Veneno e antídoto – como todo mundo. Sou assim, o mais comum dos seres. Contudo não sou simples.
Até minhas caretas são tímidas.
Surgem quando querem [autônomas] e vão embora muitas vezes sem serem vistas.
Tenho caretas que acontecem por dentro.
Minhas outras coisas permanecem
guardadas e cheias de pó. Engavetadas, acanhadas e quase ensimesmadas. Quem
sabe um dia eu consiga torná-las palavras e elas possam sair por aí vestidas e
armadas com os nomes que eu dei. Com as roupas que vesti.
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