Definitivamente não poderíamos ter vestido as mesmas
fantasias e nem pular feliz o mesmo carnaval. Fomos feitos para relembrarmos
um ao outro sobre o momento de partida, o sinal da derrota, a certeza do elo
quebrado. Nossos corpos se contradizem e nossas expressões jamais foram
harmoniosas. Fomos extraídos de uma mesma situação, mas de combinações
tremendamente opostas.
Tudo não teria passado de uma ironia do destino. Antes eu
não tivesse percebido a ironia e tudo teria terminado ali – nas coisas que
denominamos de acasos. Se eu não tivesse bisbilhotado, metido o dedo na ferida
tudo não passaria de uma simples coincidência que não se baseou em coexistência. Pra que investigar?
Melhor seria deixar pra lá. Rasgar a página, amassar em
bolinha e designar todo o peso ao fundo do lixeiro. Por que advém de minha
pessoa essa mania de calcular, usar microscópio e desejar ver de pertíssimo o
que foi feito pra não ser visto ou denunciado?
Pra quê entender? Melhor seria enterrar, fazer uma prece e
deixar partir. Como pomba mágica da paz. Com aqueles olhos que usamos para
enxergar tudo que já passou – aquele olhar atrasado. Inflar o peito em
redundante alívio.
Não tinha como ser melhor – não tinha como ser diferente.
Sentença exata, onde eu quis ser a mestra das combinações e, no entanto só fui
mais um fator. Jogatina pura, mas do tipo jogo limpo- fair play.
E nessas horas os certames sobre o certo e o errado vão aos
ares. A vida desenhou-se, por fim.
Ananda Sampaio***
5 comentários:
jogar limpo é entregar-se,e o resultado é a "vida desenhando-se"
Adorei seu texto...
Quantas vezes matutamos os motivos de todo o ocorrido. Esquecemos na maioria das vezes que alguns buracos evitam que nos enrosquemos nos galhos baixos.
companheira, tô pela quinta ou sexta leitura desse imenso código. Para mim está tão difícil quando sacar as jogadas do destino, q tbm é um fair play, sabemos, ele sempre foi e será mto determinante.
Facilita pra mim dps, tá?
=)
te amo, ;*
e amiga, ainda sim, as vezes o acaso fica do nosso lado, e nao tem como chegar onde se chega, mesmo quando nao tem um porque aparente.
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