Quando você sai, eu calço teus chinelos. São enormes para os
meus pés magrelos, mas gosto de imaginar que está comigo, mesmo quando cruza aquela
porta. Enquanto você não chega canto uma canção, me enlaço nos lençóis com teu
cheiro e declamo uma poesia pro criado mudo. Eu gosto do sol quando é sobre nós
que ele incide e eu posso vislumbrar a tua sombra enroscada na minha.
É como se fossemos um, fingindo ser dois.
Gosto também das tuas camisas, de vesti-las imagino que são
teus braços. E quase tudo fica mais fácil, mais simples. Gosto do meu cabelo,
quando teus dedos o penteiam.
E dos lugares que visitamos quando rimos. As gargalhadas são
como brisa leve sobre meu rosto. E meu peito se enche de esperança e sou
criança mais uma vez.
Ananda Sampaio
2 comentários:
Que íntimo!aquela intimidade que a felicidade não esconde! me senti uma voyer.
Escrever sobre o que é real. Realidade linda!
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