Sim, eu ainda acredito. E pela
primeira vez não irei questionar, nem fazer questão de réplica ou tréplica. As
coisas, agora vejo: são como são e não vou mais tentar profetizar nenhuma
possível realidade futura. Tenho temido muito as consequências daquilo que ainda
nem fiz. Vamos adiante, não temos outra opção senão abraçar tudo que vier –
queiramos ou não muitas outras coisas não dependem de nós.
Quero apenas tempo para recordar.
“E se não der não vou mais sofrer”, quero e preciso ir adiante. Sempre preciso
de horas egoístas, de tempo só pra mim. Vou usar aquele meu vestido azul, que
suas retinas já se cansaram de ver e seu cérebro de reprojetar em suas
memórias. Todos um dia cansam-se, mas eu não posso me cansar de mim, eu moro em
mim.
Então, permita-me sair por aquela
porta sem muitas perguntas e discordâncias. Quero dar o primeiro passo e sentir
que posso com meu próprio corpo e as “gramas” que pesam minha alma. Existe sempre,
meu amor, um lugar onde se está só – no fundo da sua rede ou no fundo da mente
a única sombra que encobre a parede de maneira irregular é a minha.
E, por favor, não me peça pra
compartilhar contigo. Já te dei tanto, esse punhado de terra pertence a mim. Sei
que tua mão é maior, mas ela não pode abarcar o que ainda sou. Não existem culpas,
apenas quero exercitar-me e correr um pouco, talvez eu atravesse aquela linha
que miro, entre o mar e o infinito. Sempre fui gananciosa, não é mesmo?
Quero tocar meu reflexo e sentir
meus pés topados na areia – de mim não preciso, nem posso fugir. Decido ser meu
idílio preferido e você a ilha que visito e contemplo por vontade, amor e desejo
de paz. Boa noite, meu bem.
Ananda Sampaio
Ananda Sampaio
2 comentários:
corpos que aguentam o exílio em si estão a salvo do resto, já que o si é o mais pesado.ótimo!
lindo post! gostei muito do seu cantinho. :)
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