Ontem eu tive um sonho. Estava numa rua larga, muitas árvores e gente. Um vento soprava e a luz da manhã era límpida e dourada e o céu azul. Naquela rua onde pessoas cruzavam-se eu via em cada prédio, em cada igreja um pedaço da minha vida. E senti que todos os meus dias contabilizados couberam ali, numa rua que eu até hoje (depois de acordada) não lembro o nome.
Era bonita, várias igrejas das cidades onde vivi estavam
frondosas ali – como se fosse aquele seu lugar de origem. Senti meu
coração bater mais forte e me espantei com um espaço que toda minha
vida ocupava: uma rua.
Preciso dizer ainda que, não consegui enxergar o fim. Era
como se nascesse de si mesma – não tivesse origem nem término. E eu estava lá,
dentre tantas pessoas. Lembrei-me de algumas, relembrei de outras e encontrei
mais aquelas que jamais poderia esquecer; que jamais deixei de lembrar. Nenhuma falou comigo, apenas passavam por mim com risos e piscadelas - quem sabe, felizes por me habitarem. Vai ver não sou um lugar ruim de viver.
Creio que àquelas que tenho a impressão de não conhecer são
as que virão, em algum momento, riscar a minha trilha. Pensei que minha vida
fosse menor, que coubesse numa esquina, numa casa ou dentro de mim.
A danada invadiu uma rua e talvez o nome desta fosse Rua da
Ananda, apenas.Pode ser que um dia eu consiga ser uma cidade.
Ananda Sampaio***
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