1 de outubro de 2012

Se essa rua fosse minha.



Ontem eu tive um sonho. Estava numa rua larga, muitas árvores e gente. Um vento soprava e a luz da manhã era límpida e dourada e o céu azul. Naquela rua onde pessoas cruzavam-se eu via em cada prédio, em cada igreja um pedaço da minha vida. E senti que todos os meus dias contabilizados couberam ali, numa rua que eu até hoje (depois de acordada) não lembro o nome.

Era bonita, várias igrejas das cidades onde vivi estavam frondosas ali – como se fosse aquele seu  lugar de origem. Senti meu coração bater mais forte e me espantei com um  espaço que toda minha vida ocupava: uma rua.

Preciso dizer ainda que, não consegui enxergar o fim. Era como se nascesse de si mesma – não tivesse origem nem término. E eu estava lá, dentre tantas pessoas. Lembrei-me de algumas, relembrei de outras e encontrei mais aquelas que jamais poderia esquecer; que jamais deixei de lembrar. Nenhuma falou comigo, apenas passavam por mim com risos e piscadelas -  quem sabe, felizes por me habitarem. Vai ver não sou um lugar ruim de viver.

Creio que àquelas que tenho a impressão de não conhecer são as que virão, em algum momento, riscar a minha trilha. Pensei que minha vida fosse menor, que coubesse numa esquina, numa casa ou dentro de mim.
A danada invadiu uma rua e talvez o nome desta fosse Rua da Ananda, apenas.Pode ser que um dia eu consiga ser uma cidade.

Ananda Sampaio***

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