1 de março de 2013

Missiva



Jonh é meu beatle preferido. Talvez você nem se surpreenda – toda aquela coisa de paz e amor fez dele um cara com aparência legal. Nem sempre digo isso assim, com tanta propriedade. Nem sempre tenho paciência para defender aquilo que piamente acredito. O importante é que está aqui, dentro de mim e sou grata por isso. Às vezes acredito que o que dizemos nem sempre é o que somos – parece que há uma força, uma torrente que nos empurra para nos engavetarmos naquilo que esperam de nós.

Eu prefiro gente que escreve como eu faço agora pra você. Parece que soa mais sincero, mais pensado, mais nítido. São tantos os discursos que profanamos, são tantas as palavras que jogamos ao vento e que nos maltratam feito facas – porque, simplesmente, não somos aquilo e sabemos disso muito bem.

Eu sempre quis escrever minhas memórias, para poder guardar e servir de prova sobre tudo aquilo que senti. E não permitir que ninguém pudesse dizer o que fui por mim. Fotografias não falam , explicam, ajudam e param o tempo. Queria que daqui há decênios, se alguém ainda lembrar de mim – que lembrasse pelo o que escrevi. Mesmo que a frase não tenha ficado redonda, nem tenha conseguido usar a nomenclatura correta. Mas, ali era eu.

Alguma coisa nisso me alivia, não sei por quê. Nem sei por que me explicar. Mas, eu queria. Você nunca deve ter recebido uma carta assim: desconexa e tão auto-explicativa. Parece que cometi um crime e estou usando deste espaço para me justificar.

Mas, talvez eu deva partir agora para uma versão mais comum de mim. Eu também detesto os domingos, até a luz do sol é escura nesses dias e temo por todos. Meu peito se aperta e a vida tem outra cor e não a reconheço mais como há segundos atrás. Posso te dizer que chorei na primeira vez que vi um Renoir, o sentimento que tive é de que deve mesmo existir alguma coisa especial nesse mundo. Alguma coisa que repare todas as outras, opacas e cruéis.
Deve existir alguma coisa boa nesse mundo.Deve existir alguma coisa boa em mim.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo texto...
eu esqueci minha senha... =//

Bjo

Anônimo disse...

é a Lu