Enquanto dou voltas ao redor do
tempo, você sorri e diz que tudo ficará bem. E até contempla com muita parcimônia
os pássaros ao redor do meu braço. E por um instante, breve e límpido, estou feliz
novamente. Não sei até quando. Teus olhos me acariciam e o mundo de repente não
tem massa, nem gravidade torna-se leve.
Você tenta dar chão aos meus
passos. Mas, preciso caminhar só e aprender a trilhar e ultrapassar a fronteira
que adaptei para que o mundo lá de fora não invada o mundo daqui de dentro.
Pergunto-me o que será de mim, se terei mesmo que passar a ver navios. Se tanto
nadarei e morrerei na praia – com a barriga cheia de água salgada.
Ás vezes no mais fundo do meu
âmago desejo ser personagem – qualquer uma daquele meu escritor preferido.
Então, lembro que enquanto desejo a vida desenrola e tudo que fiz foi me
esconder. Construí minha própria casca, fundamentei meu chão e não permiti
invasões e tudo isso jamais pôde evitar a guerra.
Sem milhares de homens, a guerra
de um só. Às vezes conflito armado, às vezes guerra fria. E por alguns dias a
enfadonha e esperada paz. A linha é reta e só pede que me equilibre – com pés
titubeantes vou sobrevivendo. Não magistralmente, de forma que o que me sobra é
sobreviver.
Aos terremotos, às intempéries e
a todas as catástrofes naturais do meu ser. Preciso encontrar uma saída, uma
maneira de fortalecer e ser parte do espetáculo, mesmo que por trás – nas coxias.
Qual será a prece mais apropriada ou o jeito certo de dar o primeiro passo? A
única coisa que sei é que preciso me soltar dos grilhões.
Ananda Sampaio***
2 comentários:
Se ela é pela tua paz, siga em paz na tua guerra.
GK
Hj todo mundo escreveu. Sera um momento de travessia?
Lindo texto.
Bjo
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