Caminho pelo corredor escuro e tento
entender que horas o relógio marca. Desisti, sento nas escadas e de repente
avalanche de pensamentos toma conta de mim. Tentei resistir e por isso o sono
me foi roubado. Nesses momentos a verdade que me assombra é a de que estou só.
Poderia tentar simular minhas sensações, emoções para alguém... Mas sei que
será mais uma tentativa frustrada.
Faz tempo que não escrevo, talvez
porque não tenha desejado me fortalecer. Resolvi arriscar e ver até onde tudo
isso iria dar. E percebi que jamais teria fim... Uma rua sem saída, mas não
posso tocar o muro que me impede de passar.
A me ver naquela escada sentada,
mão segurando o queixo, tive a impressão de que estava sempre a espera e que
esse era meu mais constante erro. Minha mais vil fraqueza. Cada livro que
compro é a esperança de viver aventuras e desenrolar a vida como se esta fosse
um novelo de lã.
Talvez haja algum segredo, alguma
capa a ser retirada e então daí surgirá a verdade do tipo pura. É nas páginas
dos livros que busco algum sinal, algum recado escrito às tortas para mim. Pode
ser que, alguém sem me conhecer, tenha conseguido me traduzir e só resta a mim
encontrar o livro certo e me desvendar.
Mas existe um mundo tão vasto
diante dos meus pequenos pés e são tantas as preocupações, as observações e por
fim, as satisfações e o por quês que temos que dar as perguntas alheias.
Mantendo assim o rol de desculpas bem convincente – seja para mim mesma ou para
outrem.
Sentada nessa escada contemplo a
minha vida, que passa frente a meus olhos e eu rio, e eu choro e simplesmente
contemplo. Como quem nada quer como quem a tudo basta. Sou jovem demais pra
isso, nem descendentes tenho e nem planejo tê-los. Quanto medo as pessoas têm
de se arriscarem em existências desconhecidas... Quanto medo de não seguir o
script
E eu tenho medo de quê? De me
afunda no mar com o peso da minha alma, de ficar indiferente às palavras que me
assaltam... Medo de uma existência sem timbre. De dias em branco, de não poder
passear a sós, de me diluir, de me entregar. Porque na verdade, eu quero me
consumir, ir no fundo, sem óculos de sol ou capa de chuva. E jamais abrir mão.
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