3 de junho de 2013

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Caminho pelo corredor escuro e tento entender que horas o relógio marca. Desisti, sento nas escadas e de repente avalanche de pensamentos toma conta de mim. Tentei resistir e por isso o sono me foi roubado. Nesses momentos a verdade que me assombra é a de que estou só. Poderia tentar simular minhas sensações, emoções para alguém... Mas sei que será mais uma tentativa frustrada.

Faz tempo que não escrevo, talvez porque não tenha desejado me fortalecer. Resolvi arriscar e ver até onde tudo isso iria dar. E percebi que jamais teria fim... Uma rua sem saída, mas não posso tocar o muro que me impede de passar.

A me ver naquela escada sentada, mão segurando o queixo, tive a impressão de que estava sempre a espera e que esse era meu mais constante erro. Minha mais vil fraqueza. Cada livro que compro é a esperança de viver aventuras e desenrolar a vida como se esta fosse um novelo de lã.

Talvez haja algum segredo, alguma capa a ser retirada e então daí surgirá a verdade do tipo pura. É nas páginas dos livros que busco algum sinal, algum recado escrito às tortas para mim. Pode ser que, alguém sem me conhecer, tenha conseguido me traduzir e só resta a mim encontrar o livro certo e me desvendar.

Mas existe um mundo tão vasto diante dos meus pequenos pés e são tantas as preocupações, as observações e por fim, as satisfações e o por quês que temos que dar as perguntas alheias. Mantendo assim o rol de desculpas bem convincente – seja para mim mesma ou para outrem.

Sentada nessa escada contemplo a minha vida, que passa frente a meus olhos e eu rio, e eu choro e simplesmente contemplo. Como quem nada quer como quem a tudo basta. Sou jovem demais pra isso, nem descendentes tenho e nem planejo tê-los. Quanto medo as pessoas têm de se arriscarem em existências desconhecidas... Quanto medo de não seguir o script

E eu tenho medo de quê? De me afunda no mar com o peso da minha alma, de ficar indiferente às palavras que me assaltam... Medo de uma existência sem timbre. De dias em branco, de não poder passear a sós, de me diluir, de me entregar. Porque na verdade, eu quero me consumir, ir no fundo, sem óculos de sol ou capa de chuva. E jamais abrir mão.


Ananda Sampaio ***

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